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Para fechar o ano de 2020 com chave de ouro, o empresário Emanoel Gurgel concedeu uma entrevista ao portal Diário do Nordeste, onde em um papo de um pouco mais de 40 minutos o proprietário do Grupo SomZoom pode falar um pouco sobre diversas questões.


Conhecido nacionalmente por ser pioneiro no forró eletrônico, o empresário Emanoel Gurgel, 67, comemora os 30 anos de trabalho da banda Mastruz com Leite com o lançamento de um DVD. O grupo de forró abriu novas portas, nos anos 1990, para nomes do Nordeste nas regiões Sul e Sudeste. Na época, sem YouTube e aplicativos de música, o rádio era o único campo de disputa do mercado fonográfico nacional. Em 2020, o cearense tem opiniões pesadas sobre canções como “Rita” e “Letícia”, mas diz reconhecer o sucesso de cada uma. 

“Nós começamos com o compositor chegando e trazendo à música dele. Avaliada, seguia para editora. Em seguida, para gravação em estúdio. Para tocar nos rádios e depois nas festas. Hoje, ainda tem a internet. Assim que funcionamos até hoje”, explica o empresário cearense. 

Atualmente, Emanoel Gurgel tem no comando da banda seis dos sete filhos. O mais novo, com 16, é preparado para o futuro. “Tenho notado que quanto mais trabalho, mais a minha sorte aumenta. Isso é um ditado que eu gosto muito. Não conheço ninguém que ficou deitado em casa e deu certo. Se Deus quiser, Ele ajuda, mas tem que trabalhar. Na realidade, tudo isso era um sonho e hoje é uma empresa”.

Vozes femininas no forró

Nos últimos anos, o feminejo — música sertaneja feito por mulheres e para mulheres — ganhou os olhares da internet. Mas, ainda em 1990, Emanoel Gurgel saiu na frente colocando vozes femininas na Mastruz com Leite. Bete Nascimento e Kátia Cilene foram dois dos nomes que se consagraram no gênero no início do grupo. 

“As mulheres são muito valentes. A minha mãe é meu exemplo maior. Eu adoro as meninas cantando. Tem muito sucesso. A mulher consegue passar romantismo nas músicas, coisa que dificilmente o homem consegue na mesma intensidade. Hoje, o Mastruz tem quatro cantoras e dois cantores. As meninas cantam a maior parte do repertório romântico”, explica o empresário.


“Rita” e “Letícia”

Atualizado do cenário musical, Emanoel Gurgel conta que acompanha hits que estouraram em diferentes épocas e que se acabaram. Para ele canções como “Rita" e “Letícia” contam com prazo de sucesso e de queda. “Duas coisas muito ruins que deram certo. Você pode fazer sucesso de duas maneiras: o ruim que não serve para nada e o ruim que não serve para alguma coisa, achar graça”, define. Sobre os atuais compositores de sucesso, com ênfase naqueles que escrevem em grupo, o dono da Mastruz com Leite diz não sentir tantas emoções como em letras de décadas passadas.


"Hoje, o fundamental não é ganhar dinheiro e sim sobreviver" 

“Analiso essas letras feitas em reuniões como 'músicas inventadas'. Na verdade, não tem inspiração. As escolas de samba começaram a fazer isso muito tempo atrás. Elas têm até oito compositores por música. No forró, ainda bem que não chegou isso. Acho que cada um bota uma palavra. Não sei se esse sistema de cooperativa tem feito sucesso, pois não acompanho".


Piseiro

Em crescente desde 2019, o piseiro — gênero derivado do forró — é visto com bons olhos por Emanoel Gurgel. Mesmo assim, ele aposta que haverá uma queda do ritmo depois de uns anos, enquanto novos formatos no gênero nordestino irão surgir. “O piseiro é uma sacada fabulosa. Vai passar dois anos ganhando dinheiro. Depois vai ficar alternando em lugares que nunca foi. Logo depois, vai começar arriar. Olha que gosto tanto das vozes dos cantores quanto da sacada. Eu escuto tudo”.


"Não sei como será isso futuramente. Não adianta fazer música parecida com piada. Piada você escuta uma vez e acha graça. Na segunda vez, acha graça. Na terceira já não tem graça nenhuma"


Emanoel Gurgel conta que acompanha o nascimento de produtos derivados do forró de forma positiva. “Quando o ouvido do consumidor cansa, e vem alguma coisa nova, esse som é buscado de modo diferente. A banda Magníficos veio com uma melodia mais arrastada. a Walkyria Santos cantando ‘Meu Desejo’, com uma levada diferente. Aí veio o Limão com Mel com mais romantismo. Depois veio o vaneirão do Brasas do Forró. E foram nascendo as variações”, contextualiza.


Presente para os fãs

A banda Mastruz com Leite lançou o clipe da música “Meu Vaqueiro, Meu Peão”. Com uma nova roupagem, o videoclipe conta com um formato mais intimista, com iluminação e ambientação únicas. A novidade é o primeiro videoclipe do novo DVD “Mastruz com Leite Acústico – Tempo para Tudo”, que marca a comemoração dos 30 anos da banda.

O lançamento ocorreu após uma live em que fãs da banda ainda puderam ter um momento de interação com os cantores, que animaram o público com uma transmissão ao vivo e deram voz a alguns dos maiores clássicos que estão presentes na primeira parte do projeto. No repertório, o grupo relembrou sucessos como “Barreiras” e “Avoante”, além de regravações, como “Se Lembra Coração” e “Ligação Errada”, e a música inédita “Hora de Me Declarar”.


Assista entrevista na íntegra:



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