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BREGA NO REPERTÓRIO DO MASTRUZ TEM INCOMODADO


Um dos maiores tesouros que certamente o Forró Mastruz com Leite possui são as suas belas canções que preenchem os diversos trabalhos em sua história, porém, pequenos ajustes no setlist feitos para agradar o grande público têm deixado os seus fãs mais fieis bastante chateados.


Não é de hoje que algumas pessoas que têm ido aos shows do Forró Mastruz com Leite vêm se queixando da inserção de algumas músicas de cunho popularesca no repertório da banda, como uma espécie de massagem de ego para àqueles que fazem uso de bebidas alcoólicas, incomodando aos que foram procurar por um forró.


Ora, o fator não é o uso da bebida, até porque isso é algo que vem mesmo antes da festa denominada forró existir, e o próprio quentão está aí para corroborar que mesmo em forró, tomar um licor sempre faz parte. Na verdade, pelas minhas leituras das reclamações e da vivência em eventos, uma nova prática, ou melhor, a adição de uma prática de outros ambientes de eventos vem sendo acrescido nos shows do forró.


Elas são as famosas banquetas com baldes de bebidas, que agora disputam espaço com os presentes no espaço, não só por vezes atrapalhando quem está para dançar, bem como são instrumentos perigosos para os possíveis desacerbados que podem surgir no uso das bebidas causando problemas bem sérios. Mas isso é assunto para outro momento, pois quero ver o que acontecerá no dia que eu me esbarrar e derrubar tudo, se eu estarei errado por estar dançando no ambiente.



A questão do repertório nos chegou, e durante um período foi visto por mim como uma desatenção por parte das pessoas que reclamaram da inserção de músicas que não faziam parte da história da banda. A minha interpretação inicial era do desgosto das pessoas em cima das canções cantadas e que pertencem aos cantores Amado Batista, Zezé di Camargo e Luciano que, para os desconhecedores da discografia do Mastruz, foram gravados no primeiro disco da banda, o "Arrocha o Nó".


Como tenho a prática de fazer o download dos shows que foram gravados, o sinal de alerta que as pessoas nos fizeram em tempos pretéritos começou a me fazer ir com mais calma na análise, observando com uma maior atenção para o repertório da banda. Dessa forma, de show em show baixado, o incomodo realmente começou a aparecer e as reclamações a fazerem mais sentido.


Canções como "boate azul" (a rainha da insatisfação), e outras que originalmente foram gravadas no gênero do brega, onde servem como uma espécie de prelúdio para o bloco que vem com sucessos da própria banda ao estilo vaquejada (Mulher Ingrata e Fingida) ou para as de cunho "matuto" (Bomba no Cabaré), fazem parte na verdade de uma espécie de improvisação para este momento dos shows.


Como bem disse; ao meu ver, trata-se de um agrado sonoro para esse novo padrão de consumidores de eventos, aos quais foram inseridos nos shows de forró. Incorporou-se no forró o comportamento por vezes burguês e novo jovial de apreciadores de outros gêneros, onde assistir, beber, fotografar e filmar, agora basta. Tudo bem, viva ao livre arbítrio. Mas como um bom nordestino, nem que tu dances sozinho você tem que dançar. Rala coxa, bate coxa, rala fivela, troca suor, subir poeira e descer suor...


Sim, não há como negar que para quem vai ver Mastruz com Leite e deparar-se com o brega popularesco - que não faz parte da história da banda - sendo executado no show, pode ser considerado uma bola fora. Para quem não se lembra, o cantor Neto Leite quando ia para o palco, era abrilhantado e nos enaltecia com belos solos como "Milonga Para as Missões", "O Casamento da Raposa", "Xaxadinho das Alagoas...". Ao meu gosto, preferiria que isso voltasse, funcionando como um hiato do bloco que fecha e o que abre o momento do Neto cantar. Talvez nesse momento, infelizmente ele não estaria no palco, vide que o mesmo não está mais tocando a sua sanfona, mas convenhamos, melhor ouvir um solinho e enaltecer os músicos da banda do que ouvir "boate azul".


Fica a minha concordância e faço coro com os que têm reclamado dessas canções bregas que entram como medley ou até como pot-pourri. Os fãs mais fieis já aceitaram por demais as poucas alterações de repertório em show vide o agrado ao grande público, contudo isso tem mudado bastante (Obrigado Tiago Sena). Agora chegou a vez de evitar uma nova ferida aos nossos ouvidos. Já basta os momentos que tivemos de "Renata ingrata", "chupa que é de uva", "milk shake"...


Quem quiser ir ouvir rock, vá ao show de rock, quem quer ir curtir e ouvir axé, vá para o carnaval ou algum evento que tenho artista do gênero. Quem quiser ouvir samba, pagode, frevo, folk, balé, música erudita, que vá para os respectivos espaços que sejam exequíveis o som dos seus respetivos gêneros. No mais, eu e quem quiser me acompanhar no forró, queremos é ouvir e dançar forró tomando o nosso quentão {segurando na mão mesmo, caso não vou para o espaço adequado para estarem as mesas).

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